A CPI da Petrobras na Câmara aprovou nesta quinta-feira (05/03/2015) as
convocações dos ex-presidentes da estatal Graça Foster e Sergio Gabrielli, além
do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, do ex-diretor de Serviços
Renato Duque e dos ex-diretores da área Internacional Nestor Cerveró e Jorge
Zelada. Diferentemente dos convites, as convocações tornam a ida à Câmara
obrigatória.
No último dia 4, em meio às denúncias de
corrupção na petroleira, Graça Foster renunciou ao cargo de presidente junto
de outros cinco diretores. Ela estava no comando da empresa desde 2012. A
renúncia ocorreu um dia após reunião de Graça com a presidente Dilma Rousseff
no Palácio do Planalto.
Também foram aprovadas na comissão as
convocações do ex-gerente-geral da refinaria Abreu e Lima Glauco Legatti; o
doleiro Alberto Youssef; Júlio Faerman, ex-representante comercial da SBM; e
Luiz Eduardo Carneiro, ex-presidente da empresa Sete Brasil. As datas dos
depoimentos ainda não foram marcadas. Foi aprovado, ainda, um convite para
depoimento do diretor de Govenaça da Petrobras, João Adalberto Elek Junior.
Mais cedo, a comissão já havia aprovado a convocação do ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco. Segundo o
presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), a intenção é ouvi-lo já na
próxima terça-feira, quando o colegiado deverá se reunir novamente.
Em seu depoimento de delação
premiada, Barusco acusou o PT de receber entre US$ 150 milhões e US$ 200
milhões em propina oriunda de contratos da estatal. Ele afirmou que os valores
se referem a propina em 90 contratos da Petrobras com grandes empresas fechados
entre 2003 e 2013, durante os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff.
Barusco atualmente está preso
em regime domiciliar. O presidente da comissão observou que existe um ato da
Mesa Diretora da Câmara, de 2006, que veda a oitiva de presos nas dependências
da Casa e que o assunto precisaria ser discutido com a polícia legislativa.
A ida de Barusco à CPI
dependerá de autorização judicial. “Iremos primeiro oficiar o juiz que tem a
tutela, já que ele cumpre prisão domiciliar, para que ele autorize a vinda”,
explicou o presidente da CPI. Para ele, o depoimento de Barusco poderá ser
“esclarecedor”.
A comissão também autorizou a
contratação da consultoria Kroll para auxiliar a identificar recursos de
delatores em contas no exterior.
Sub-relatorias
Também na sessão desta quinta, foram
criadas pelo presidente da comissão quatro sub-relatorias, que vão ser
comandadas por PSDB, PTB, PSC e PR. Após o anúncio das sub-relatorias, partidos
contrários à medida, como o PT e o PSOL, protestaram, e houve forte discussão entre os parlamentares. Deputados questionaram a indicação de cada sub-relator,
que não foi submetida ao plenário da CPI.
A justificativa do presidente
da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), para a criação das sub-relatorias é
descentralizar os trabalhos. Na prática, a medida deverá enfraquecer os poderes
do relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ), em mais um indício de descontentamento
do PMDB com o governo.
Aos gritos e com o dedo em
riste, o deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) chamou o presidente da comissão
de “moleque” diversas vezes. “Não serei fantoche para me submeter. Não tenho
medo de grito”, rebateu Motta, exaltado.
“Não fomos ouvidos para nenhuma
candidatura. É um fato grave, estranha, causa desconfiança entre aqueles que
formam o bloco”, afirmou o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), acrescentando que a
legenda deixará o bloco parlamentar com o PSDB e o PSB.
Fonte: Fernanda
Calgaro Do G1, em
Brasília